quarta-feira, 18 de março de 2009

Quando ganhamos coragem...

As minhas maos tremiam, o meu coracao quase me saltava pela boca e eu sentia o meu corpo suado... Tinhamos acabado de jantar e estavamos reunidos a mesa. A Karen a ler o correio, o Jan o jornal, a Cristina a desenhar e eu so pensava na melhor maneira de dizer o que pensava, sem magoar ninguem. Ha semanas que nao me sinto completamente bem, no entanto a escola nao podia estar a correr melhor, os amigos sempre do meu lado e a ajudar-me no que preciso, apenas em casa me sinto deslocada, nao integrada e ate um pouco a parte. O que ainda me anda me anda a intrigar mais e o facto de num dia esta tudo a correr bem, toda a gente bem disposta e animada e no dia seguinte tudo muda. Caras tristes ou ate mesmo zangadas, poucas palavras, poucos gestos carinhosos...
Como todos sabem a relacao que tenho com a minha familia em portugal e muito proxima, nestas situacoes se calhar ate de mais, entao quando eu aqui nao sinto o "feedback"necessario vou-me muito abaixo. Mas ontem finalmente ganhei coragem e disse tudo o que sentia, o que estava acumulado ha alguns tempos.
Ha dias que me sinto uma autentica baby-sitter da Cristina, sinto mesmo que eles usam imenso o facto de eu estar la em casa para se libertarem e despejarem tudo em mim. Alem disso, quando tento falar, conversar, saber o dia ou ate partilhar algo que considero interessante ou importante nao sinto que eles o queiram fazer, o que me deixa muito triste e ate desiludida. Disse tudo isto... E a resposta que obtive foi bem diferente do que a que esperava. Ambos disseram que estavam numa situacao complicada no que toca a problemas profissionais (eles tem uma empresa que ja teve melhores dias) e que isso lhes tira muita energia e ate bom humor. Disseram tambem que sabiam o quao dificil era eu conseguir ter energia e atencao todos os dias para a Cristina e que claro que nao me queriam fazer de baby-sitter. Foi uma conversa agradavel, fiquei com a sensacao que eles perceberam qual era o meu problema e que inclusive vao tentar ajudar-me a resolve-lo. Por outro lado, nao sei se esta conversa vai adiantar de muito, porque no fundo os problemas vao continuar e a Cristina continua a existir. A Karen disse que eu era livre de ir para outra familia, sem ressentimentos, o Jan disse que podemos chegar a uma resolucao para tudo isto e que o mais importante era falarmos sobre o que sentimos. Vou esperar pelos proximos dias, se calhar ate semanas porque como e obvio nos ultimos meses o que quero mais e aproveitar e nao ter problemas com ninguem, muito menos mudar de familia.

Rita Magalhaes

1 comentário:

RuiMag disse...

Sabes Rita, se calhar o mundo um dia vai ser perfeito. Infelizmente hoje ainda não é. Nós que vivemos neste mundo e ainda por cima somos humanos erramos, erramos muito e muitas vezes.
Há obstáculos que nos parecem dificeis ou até quase impossiveis de ultrapassar, mas que se formos capazes de os reduzir à sua verdadeira dimensão, não passam de pormenores.
Tiveste uma atitude adulta e de coragem (não esperava outra coisa de ti), mas agora sê paciente e enfrenta as dificuldades com um sorriso e alguma falha de comunicação com um carinho e uma palavra amiga. Verás que o caminho será bem mais fácil de percorrer e que te sentirás bem mais feliz nesse paraiso de natureza.
Quero que sejas muito cautelosa e que não te esqueças daquele ditado popular "atrás de mim virá quem bom de mim fará".
Seja como fôr, estaremos sempre aqui para te apoiar, porque acima de tudo te amamos muito.
papà